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CRIAÇÃO DO MUNDO



Cremos que foi nZambi Apongo o criador, e é ele também o mantenedor de toda a criação.

A criação engloba o Universo e todos seus componentes animados ou inanimados. Nos importa ais ainda a criação do planeta Terra e toda sua Natureza e seres vivos.

A Natureza é a manifestação do próprio nZambi Apongo, em forma de energia divina.

Nos apoiamos em uma lenda/mito dos povos Bantu para entender a criação do mundo, entendendo que tais informações são lendárias, místicas e não nos convém também rejeitar as bases científicas para a explicação do surgimento de tudo.

"Lenda sobre a criação do Homem e o Povoamento da Terra

(Que todos os tutchokwe de certa idade, como depositários da tradição oral, conheciam.)


NZAMBI, depois de ter criado o mundo, criou também duas pessoas a quem chamou de SÀ MUTFU e NÁ MUTFU. A primeira criou-a com sexo masculino; a segunda não tinha sexo, o que a entristecia.

O NZAMBI criou-as e deixou-as no monte a que os LUNDAS chamam Ilundu Nyi Senga e a que os tutchokwe dão o nome de Lundu Nyi Senga, situado, segundo afirmam, entre Kapanga e Sandoa, na região de Katanga. Ali construíram, a sua casa, as duas recém-criadas pessoas, junto da nascente do ribeiro Lwila, afluente do rio Lulua. Ao deixá-las, antes de subir para o espaço, acompanhado do seu cão, onde ainda hoje se encontra, o NZAMBI entregou, ao Sà Mutfu, um cão, uma enorme cabaça e um embrulho, dizendo-lhe: - Aqui tens um cão que serão teu mais fiel companheiro e caçará para ti. Nesta cabaça estão todos os animais, de tamanhos minúsculos, necessários ao povoamento da Terra, mas só deves abri-la quando chegares perto do kalunga ka meya (mar), para que eles saiam em boa ordem, cresçam, se multipliquem e te obedeçam.

Depois de terem feito isto, no regresso, lavas o conteúdo do embrulho nas água dos primeiros ribeiros que atravessares; só depois poderás entregá-lo a tua companheira Na Mutfu que o colocará no Mumelu (região pudica), a fim de que ela possa procriar, isto é, ter muitos filhos e filhas e ambos possais multiplicar a vossa espécie.

Cumprindo as ordens que recebera do NZAMBI o Sá Mutfu, acompanhado do seu cão, dirigiu-se para o Ocidente, em direção ao mar, levando consigo a grande cabaça e o embrulho, enquanto Na Mutfu ficou em casa, pois não se sentia com forças para o acompanhar.

O Sá Mutfu andou, andou, até que, vendo o rio Cassai e julgando tratar-se do mar que NZAMBI lhe tinha falado, destapou a cabaça e todos os animais saíram num instante. Quando o Sá Mutfu reparou que se tinha enganado e que aquilo era um rio e não o mar, chamou pelos animais para que voltassem a entrar na cabaça, a fim de os levar para junto do mar. Chamou, chamou, mas nenhum deles regressou à cabaça.

Por essa razão, o primitivo nome do ria Cassai era “Karum” vocábulo Lunda que significa mar.

Aborrecido e triste por se ter enganado, e os animais não lhe terem obedecido, regressou a casa, seguido de seu cão. O aborrecimento e a tristeza eram tais, que se esqueceu de levar o conteúdo do embrulho na água dos dois primeiros ribeiros que atravessou, como o NZAMBI lhe tinha indicado. Por tal motivo, quando já estava perto de casa, sentindo que o embrulho exaltava um cheiro esquisito deitou-o fora.

Quando chegou em casa e contou a Ná Mutfu o que lhe tinha sucedido, esta ficou indignada por ele ter aberto a cabaça antes de ter visto o mar.

-E o embrulho, que NZAMBI te deu, que fizeste? - interrogou a Na Mutfu.

-Deitei-o fora porque começou a cheirar mal. - Ouvindo isto, a Ná Mutfu mais aborrecida ficou e disse-lhe: - Volta imediatamente com o cão, a fim de recuperares o embrulho que me pertence e não apareça aqui sem ele. Cumprindo a vontade de sua companheira, o Sá Mutfu foi com o cão que encontrou o embrulho, à beira do ribeiro Lwila, entregando-o ao dono.

Satisfeito, o Sá Mutfu regressou a casa e entregou o mal cheiroso embrulho a Na Mutfu. Esta o desmanchou e, tirando o seu conteúdo, coloco-o na região pudica, onde ficou implantado, transformando, assim, naquele instante, a Na Mutfu em mulher.

Reparando, então, que eram de sexos diferentes, arimbata (acasalaram-se) em Lunda atejane.

Daquela união nasceu uma filha de nome Na Konda. Esta, por sua vez, concebeu de seu pai, Sá Mutfu, cinco filhos e três filhas. Aos filhos deram os nomes, por ordem de nascimento, de KANONGWENA, NAWEJI, SÁ KAMBUNJI, MWAZANZA, e TCHINYAMA: as filhas chamavam-se KASAI, LWEJI e TEMBO.

Do Kanongwena descenderiam os povos baluba, baquete, bena-mai, lulua e outros de língua semelhante; de Sá Kambunji os Xinges e Minongos; de Tchinyama os Luenas. Os progenitores dos Lundas teriam sido LWEJI, NAWEJI e MWANZANZA; dos TUTCHOKWE, KASAI e TEMBO.

O rio Cassai teria tomado esse nome, depois de nele ter perecido a mãe dos Tutchokwe ou Cassai. Esta, segundo a lenda, tendo-se ausentado do Lundu nyi Senga, quando regressou, disseram-lhe que seus filhos tinham seguido para o lado onde o Sol se esconde.

Ouvindo isto, ficou desolada e foi atrás dos filhos. Ao chegar junto do rio Cassai, julgando que eles o tinham atravessado, lançou-se a água, a fim de atravessar também, e lá morreu afogada. Dali em diante o “Karum” passou a chamar-se Cassai.

Esta lenda foi contada em 1962, pelo chefe Emilio Ritenda Naweji, residente nos arredores do Dundo, natural da Musumba, situada em Kapanga – Katanga. É um dos 108 filhos do Mwatchianvwa Kaumba (já falecido). O referido chefe foi enviado por seu pai em 1941, como chefe de todos os Lundas que vivem no Nordeste da Lunda.

Matéria do Livro: Crenças, Adivinhação e Medicina Tradicionais dos Tutchokwe
Autor: João Vicente Martins
Lisboa - 1993"





"Outra lenda sobre a criação


Nzambi Ampungu (Deus poderoso), quando criou o mundo, criou também uma mulher para ser sua Esposa a para que, por seu intermédio, pudesse ter descendência humana a fim de povoar a terra. Essa mulher se chamaria Na Kalunga e dela nasceu Kalunga, com quem Nzambi Ampungu teve um filho “Nkuku-A-Lunga”, a quem Nzambi deu o poder da adivinhação.

Nzambi ordenou que Nkuku-A-Lunga se casasse com Kalunga, e assim se tornaria Pai de todas as tribos Bantu. Ele teve dois filhos: um masculino, Sá Mutfu, e outro Feminino, Ná Mutfu. Nzambi então ordenou que Sá Mutfu se cassase com sua Mãe e Na Mutfu, com seu Pai, informando-os de que, depois dessas uniões, as seguintes se fariam somente entre primos.

Dessas uniões, nasceram do sexo masculino: Kitembu- A- Banganga, Ndundu, Ngonga, Umbanda, Kanongena Kambuji e outros.

Do sexo Feminino: Mujumbu, Ndumba Uá Tembu, Samba Kalunga, Kasai, Lweji, mukita e outras.

Fonte para obtenção destes dados:

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